Guias de Viagem e Arte

 
 
maio 30 2007

Quando menos se espera … (A Saga do Caminho 23)

Cacabelos – O Cebreiro: 41,32 Km
Os quase nove quilômetros até a mítica Villafranca del Bierzo foram fáceis, e resolvemos fazer um lanche e que eu devia viajar mais leve. Aqueles que me conhecem sabem que eu adoro um papel de museu, de igreja, qualquer coisa que conte um pouco de história e do cotidiano de cada lugarzinho que passamos. Mas nunca é tarde, não para jogar todo este conhecimento, mas sim para enviá-lo por correio!
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Todos falavam da famosa subida do Cebreiro, assim reuni toda minha documentação do caminho, que pesou quase dois quilos, e enviei para minha casa!

Dica: Muitos brasileiros pretendem conhecer outras cidades depois de chegar a Santiago, mas o que fazer com a bagagem? Na cidade da saída, você pode comprar uma caixa no correio e enviar tudo aquilo que não vai necessitar para o “Apartados de Correos de Santiago de Compostela”. Envia prá você mesmo, e quando chegar por lá, vai ao correio e recolhe todos seus pertences! Preço? Vale a pena, pode enviar até 20 quilos pela forma econômica, por cerca de $ 10,00€ (dez euros).

Em Villafranca del Bierzo é parada obrigatória a Igreja de Santiago. Admire sua “Portada do Perdón”. O Papa Calixto III otorgou o perdão a todos aqueles peregrinos doentes que não pudessem chegar até Santiago. Quer dizer, aqueles que chegam até aqui e por fortes motivos de saúde não podem continuar, basta que atravessem a Porta do Perdão e terão o mesmo benefício daqueles que alcançam Santiago de Compostela!
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Depois de Villafranca, em poucos quilômetros começa o trajeto que acompanha a estrada principal, e que de pouco em pouco entra em algum povoado. É uma etapa divertida, e para alguns dura, principalmente para aqueles que começaram o caminho depois de León.

No meio da tarde, chegamos a “Las Herrerías”, e sem mais nem menos comecei a passar mal, uma dor de estômago super forte, não podia comer nem nada, nem sentir o cheiro da comida. Paramos em um bar-restaurante, e a senhora super amável me preparou uma sopa, mas tomei algumas colheradas, e não podia continuar …

Nossos planos eram de chegar até o Cebreiro, mas começou a chover e o Tom disse: “Vamos ficar por aqui!”. Quando estávamos quase chegando ao hotel a uns 400 metros do bar, olhei para o Tom e disse que queria tentar chegar até o Cebreiro. E meio que renasci das cinzas (hehehehehe) e consegui chegar até aonde queríamos. Minha preocupação era meu estômago, assim nem percebi a subida que enfrentamos, de cerca de 9 quilômetros!
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O Cebreiro é um pequeno povoado muito bonito, aconchegante … mas, se você fizer o caminho em julho ou agosto é bem difícil que consiga lugar no albergue, a não ser que chegue bem cedo! Mas aqui há uma oferta de pequenos hotéis, e de vez em quando se deve dar uma alegria ao corpo! Eu não sou daquelas que acredita que o sofrimento enaltece o homem! Assim, neste dia ficamos em um hotelzinho super agradável, mas eu infelizmente não consegui comer, e esta situação se estenderia por mais um dia …

Por isso, o título de hoje é “quando menos se espera …” porque eu sai tão bem, mas de repente mais que de repente, meu corpo encrespou! Todos os planos devem ser flexíveis, o caminho se faz a cada dia, podem existir previsões, mas o coração deve estar aberto para as inesperadas mudanças! Neste dia eu cheguei ao esperado destino, mas em outros não consegui. Como na vida, as vezes se alcança e em outras é alcançado por coisas que não te permitem chegar até teu objetivo!

A tempo: Um pouco antes de alcançar O Cebreiro, cruzamos a fronteira da comunidade da Galícia! A última comunidade do caminho!
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fotos: turomaquia_2006