A Maragatería já era nossa casa! (A Saga do Caminho 21 – Parte dois)
Este era o dia dos animais. Após deixarmos a Cruz de Ferro demos de cara com esta vaca que nos olhava fixamente! Lembram da saída de Santa Catalina de Somoza? e da nossa experiência com o cachorro? Está na entrada anterior!
Entramos por veredas muito verdes, e tanto verde tinha cara de umidade, e dito e feito, começou a chover, mas muito, e nós dois no meio do nada. De repente chegamos a Manjarín, o primerio povoado da região de León conhecida como El Bierzo. Esta região é bem diferente das demais de Castilla y León, e tanto é assim que muitos moradores falam gallego, idioma da Galícia, e inclusive reivindicam que deviam pertencer a esta comunidade autônoma. O caso é que este é um povoado bem pequeno, meio que abandonado, que conta com um refúgio que muita gente adora, para comprovar veja a seguinte página e leia os comentários: http://caminodesantiago.consumer.es/refugio-de-manjarin
Mas eu não aguento coisas muito alternativas, este não é meu caminho, este albergue não tinha água corrente, e a aparência do lugar era meio …. bem, vamos deixar por aqui. Chovia muito, mas só a perspectiva que a chuva não pasasse e que dormissemos neste lugar, me deu todas as forças necessárias para seguir adiante. Mas nada de prejuízos, de repente, este será teu lugar mágico: Mas para mim, depois de quase 600 Km de caminhada, definitivamente não era!
A chuva nos acompanhou por muitos quilômetros, e quando deu uma folguinha avistamos a linda cidade “El Acebo”. Este tipo de construções, com estes tetos escuros de pedra (ardósia) são típicas nesta parte da maragatería.
Minha amiga Silvia do Matraqueando ia adorar este lugar. É como estas cidades que ela tanta gosta com seus velhos casarios. A única coisa é que aqui a maioria das casas são de pedra!
A partir de Acebo entramos em uma longa descida. Todo mundo falava da Cruz de ferro e tal, mais a descida que encaramos a partir daqui foi muito mais dura. Não é nada de meter medo, o negócio é que temos em frente uma forte pendente em um solo bastante pedregoso. O lance é ir devagar e desfrutar da paisagem alucinante deste tramo. Eu consegui descer sem pestanejar, e porque te conto da minha experiência? Primeiro porque meu problema são as descidas, e segundo porque você lembra das minhas sandálias esportivas???
A chegada à Molinaseca foi muito emocionante, vi, vim e venci!!! Hehehehehe Cheguei, e ademais com vontade de vencer outros desafios! Quando alcançamos ao albergue, que é bem legal, mas está a um quilômetro do centro da cidade, é claro que já não haviam camas em seu interior. Tínhamos duas opções: dormir em bicamas ao relento, ou dormir em barracas para duas pessoas. Depois de tudo que havia feito nesta viagem-peregrinagem (e que viagem não é uma espécie de peregrinagem?) isto era o de menos, e na maior farra, fui de acampada! Neste dia tão especial, liguei para o Brasil, para uma pessoa do coração que fazia aniversário. Era um dezessete de agosto!
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