Seguimos na Maragatería … um dia inesquecível … (A Saga do Caminho 21)
Na saída de Santa Catalina de Somoza um céu azul já dava a entender o dia lindo que nos guiaria. Estávamos a cerca de 950 metros acima do nível do mar e o dia era de subida.
Na metade do dia, chegaríamos à mitológica “Cruz de Hierro”, o ponto mais alto do Caminho Francês, a 1.500 metros acima do nível do mar. Ademais, o lugar onde se deve deixar uma pedra para pedir proteção. Eu carregava desde França nossas pequenas pedras … mas isto será mais adiante … (Ou quem sabe eu deva dividir em dois este relato, porque este foi um daqueles dias em que todo sai “redondo” e deve-se aproveitá-lo até o fim!).
À saída de Santa Catalina de Somoza este cachorro tão enigmático parecia vigiar nossos passos. Era como se ele estivesse na janela de sua casa espiando a dois forasteiros que deixavam a cidade!
Comemos em Rabanal del Camino, uma típica e linda cidade maragata, que resurgiu com o redescubrimento do Caminho de Santiago na década de 1990. Nesta cidade vivem cerca de 60 pessoas, mas aqui o peregrino tem a sua disposição quatro albergues! Aqui reencontramos por última vez a este peregrino que se vê na foto com Tom, e com o qual havíamos começado nossa jornada na França.
Uma subidinha, passando por paisagens de tirar o fôlego e com uma chuvinha ocasional que não tirava o brilho do que se via pelo caminho. Quando estávamos há 1.400 metros de altura encontramos Foncebadón, que é um povoado em processo de reconstrução. Durante a Idade Média foi um dos lugares mais famosos da Maragatería. Aqui em 946, se realizou o Conselho do Monte Irago, para tentar remediar os roubos que sofriam os antigos peregrinos, e no século XI albergou uma pensão e uma igreja.
Neste antigo povoado, comemos uma torta dos deuses e bebemos um chá delicioso. Começava a chover forte, e necessitávamos um respiro. Entramos em um bar-restaurante: La Taberna de Gaia, com uma ambientação medieval super original e um cardápio bem diversificado. Neste lugar você pode comer carne de cervo, congrio, sopas ou simplesmente fazer como nós fizemos, um pequeno lanche com a “tarta de la abuela”, uma espécie debolo de chocolate FANTÁSTICO!!!
De Foncebadón, outra pequena subida de cerca de 1,9 Km e se alcança a “Cruz de Ferro”. Lugar aonde se devem deixar uma pedra para pedir proteção. Como dizia antes, eu carreguei duas pequenas pedras desde França, e agora chegava o mágico momento de deixá-las na Cruz de Ferro. Curtimos muito esta parada, foi como a primeira grande vitória do caminho. Porque vários peregrinos que repetiam a experiência contavam de forma veemente a subida à Cruz de Ferro. Depois de todo o esforço que você fez até aqui, é uma subida, mais nada que assuste!
Fazia frio e devíamos seguir, porque ainda faltavam mais de 17 quilômetros para alcançar Molinaseca!!!
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