Museu Orangerie – a mais impactante surpresa desta viagem à Paris
Parada frente à fachada principal do Musee de L´Orangerie, pensava: “Este edifício parece um templo romano achatado”. Já havia passado pela lateral, que era em grande parte de vidro. Estava intrigada, se tratava de uma intervenção atual ou o edifício já no século 19 havia sido construído daquela maneira?!
Deixei as divagações e entrei com Mesi. O lugar era acolhedor. Estranho, não havia visto nenhuma foto anterior do museu, e sequer vasculhei muito seu site.
Tudo era surpreendente. As enormes janelas laterais inundavam os espaços internos de luz. Poucos passos, e dou de cara com uma caixa de concreto com os escritos: “Las Nymphéas”. Era o que eu queria ver, as enormes telas de Monet que retratavam as plantas aquáticas de seu jardim. Cruzamos uma ponte. Havia algo exposto no caminho, mas não queria saber de nada mais, queria vê-las, e imediatamente. Ao passar pela entrada, vejo uma sala toda branca. Funciona como o filtro que te prepara para as duas salas subsequentes. Impaciente me dirijo à primeira sala, é ovalada, como uma onda. Nada de esquinas, só harmonia e tranquilidade. O primeiro que impacta é o tamanho da obra. É muito grande. Começo a fotografar, queria levar pra casa o máximo que pudesse daquela beleza. Passado este primeiro estado de euforia. Sento no banco central. Mesi está no mesmo transe. A obra vai reduzindo os batimentos cardíacos, uma serenidade vai tomando conta. Balela? Nada disso! Olha que eu sou hiper ativa, mas sentia tanta paz. Mesi me conta que tem a mesma sensação.
Passamos um tempo sem falar, apenas olhando, olhando e olhando. De repente lhe pergunto: “Está preparada para a próxima?” Ela assente, e vamos à segunda sala do Paraíso. Porque se este outro mundo após a morte existe, eu quero que o meu seja assim. Empapelado com as “Ninfeias”, de Claude Monet.
Repetimos todo o ritual na segunda sala. Depois voltamos à primeira. Passamos uns 40 minutos neste vai e vem. Ficaríamos mais, só que Mesi tem uma visita guiada no Louvre, e eu tenho um compromisso delicioso na hora do almoço e ainda quero ver o resto do museu.
A contra-gosto nos despedimos. Eu desço para ver a coleção Walter-Guillaume.
Caramba, assim morro do coração! Para definir em duas palavras, sem usar chavões como maravilhosa, estupenda ou bárbara, diria: SEM DESPERDÍCIO. Uma coleção que vai do impressionismo aos seguintes movimentos modernos do começo do século 20. Paul Guillaume que iniciou a coleção era amigo dos artistas. Conhecia o que produziam e comprou ou ganhou de presente obras excepcionais. A qualidade do percurso é de babar por três razões:
- de cada artista há um pequeno conjunto de obras, o que facilita a comprensão do estilo de cada um deles;
- a forma da exposição, que é didática, sem ser monótona. Utilizam diferentes cores nas paredes, e os textos explicativos são interessantes.
- os artistas que conformam a coleção: Renoir, Cézane, Marie Laurencin, Modigliani, Matisse, Picasso, André Derain, Utrillo e Soutine.
Estou tão emocionada, que é difícil manter o controle quando entro na lojinha do museu. Acabo saindo de lá com um poster enorme de uma das Ninfeias. Tenho uma ligeira idéia do lugar que vai estar na minha casa, mas isso lá importava?! O que desejava era levar comigo aquela sensação mágica de tranquilidade misturada estranhamente com o estupor que mantive nas três horas que estive no Orangerie. Sem mais, penso naquelas listas que estão tão de moda, coisas para fazer antes de morrer, e coloco minha pitada: Visitar o Museu de L´Orangerie. Um museu que passo a classificar de Pequena Jóia.
Ainda hoje, mais um guia prático dos museus de Paris, desta vez do Orangerie!
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fotos: turomaquia_2010