Guias de Viagem e Arte

 
 
jul 30 2010

Viajar com crianças – Cinco Regras de Sobrevivência

Eu não tenho filhos, provavelmente não os terei, mas como educadora estou sempre lendo blogs dedicados à viagens com as “criaturas”. Mesmo não conhecendo na prática a complexidade de viajar carregando literalmente o mundo nas costas, não posso acreditar que os pais estão fadados a ir de férias em um resort ou coisas do gênero. Por aqui, famílias com seres diminutos inundam os museus, os monumentos e até o Caminho de Santiago durante Julho e Agosto, meses tradicionais das férias escolares.

museo-ninos

http://www.flickr.com/photos/joshstaiger/

Para que uma viagem com crianças não se transforme no pesadelo do século a preparação é o segredo. Viajei com os filhos dos outros a exposições em São Paulo, a parques temáticos, a centros históricos. Foram outras viagens, de certa forma até mais divertidas, ao ver a reação das crianças em frente a um sarcófago egípcio e este primeiro olhar diante do até então desconhecido!

A cada quinze dias e sempre na sexta-feira vou publicar um post que vai propor maneiras de aproximar obras, museus, monumentos e parques a crianças de diferentes idades. Imploro que as mamães e papais leitores deste blog comentem, critiquem, e contem suas experiências nestes guias que vou chamar de uma forma bem popular em Espanha – Guias para Peques, que vem de pequenos (ainda estou pensando no nome!).

Pra começo de conversa, cinco regras de sobrevivência, ou para levar em consideração na hora de planejar as atividades em uma viagem com peques:

  1. Timing ou “já não aguento mais”– se um adulto cansa, imagina uma criança. O tempo que conseguimos estar concentrados vai aumentando com o passar dos anos. Assim, é desumano e poderia ser classificado de tortura expor uma criança a algo que nem você suporta!
  2. Diversidade ou “isto aqui é tudo igual” – nada de estar o dia todo de museus ou em igrejas. Para que algo seja divertido não pode ser classificado como saturação. Nem você, senhor adulto, pode aguentar mais de um grande museu por dia, sem que na metade da jornada tudo pareça “mais do mesmo” e o pior, chato e insignificante. A saturação faz com que não consigamos assimilar os detalhes, e tudo comece a parecer igual.

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3. Adequação ou “não tô entendendo nada” – as crianças são esponjas, ok! Só que  a cada idade aprendem e compreendem de uma determinada maneira. Crianças pequenas não entendem conceitos abstratos, como por exemplo, em uma museu de história natural, um pai diz ao filho de 3 anos: Uau! Este animal pesava mais de  1 tonelada. Tonelada é um conceito abstrato, você deve relacionar com algo do dia-a-dia da criança. “Teu cachorro, o Dino, é difícil de carregar no colo, não é? Porque pesa muito, agora imagina que este animal pesava como 200 “Dinos”?!!!

4. Enrolação ou “pai que não sabe dizer não sei” – pesquisas em museus de todo o mundo comprovaram que a maioria dos pais diante de uma pergunta não costumam responder “não sei”. Inventam respostas, ou seja, deseducam seus próprios rebentos! Gastam tanto dinheiro em escola, livros, etc e justo naquele momento em que a criança está mais receptiva a receber novos conhecimentos, o que acontece? Vem uma mentirinha sem maldade, o pai pensa: “ele nem vai se lembrar”. Aí está o equívoco, todo mundo aprende mais em situações de aprendizagem informal, ou seja, fora do banco da escola!

5. Falta de material de apoio ou “viva a espontaneidade” – isto de: vamos deixar que a criança descubra as coisas por si mesma, é muito bonito só que não funciona. As férias são os momentos mais caros do ano para a maioria dos mortais. Gastamos muito mais dinheiro a diário do que em qualquer outra época do ano, e mesmo assim insistimos em deixar a vida nos levar …

Isto pode ser até legal para um adulto, mas quando viajamos com crianças pode gerar um stress tremendo. E o pior, depois vamos dizer que já não viajamos com as criaturas para tal e tal lugar. Mas a culpa não é dos pequenos e sim dos grandes que foram incompetentes. Coisas tão simples como preparar um material de apoio ou comprá-lo na lojinha do museu na entrada podem fazer a diferença entre um dia redondo ou “o pior dia do ano”.

O que quero dizer com material de apoio? Em alguns casos um simples caderno e uns lápis de cor para que a criança possa desenhar diante de sua obra favorita, algo tão simples como isso! Coloque a mão na consciência, a maioria dos adultos quando entra em um museu também busca algo que lhes ajude a entender melhor o que vai ver, seja um audio-guia, um folheto ou uma visita guiada, porque alguém imagina que uma criança pode “fazer o trabalho” por si mesma!???

Casa de Colon
Programa Educativo durante a Exposição do Projeto Mediterranean Voices, na Casa de Colón (Gran Canaria/Espanha)

Madri - Guia do Prado
Guia Louvre
Guia de Museu | Guia Galeria degli Uffizi
Fotos:http://www.flickr.com/photos/joshstaiger/ y turomaquia_2004