Um passeio pelo centro histórico de Curitiba
Estamos na Praça Tiradentes, vamos começar nosso passeio pelo Setor Histórico desde o Alto São Francisco.
Para ver este mapa com mais detalhe, clique aqui.
Depois de encarar uma leve subidinha, chegamos no nosso ponto de partida, a Praça João Cândido. Por ela passaram as tropas da Revolução Federalista (1893), iniciada no Rio Grande do Sul e que no Paraná levou ao Cerco da Lapa. Leva o nome de um médico e ex-presidente do Estado. No meio da praça vocês vêem o Belvedere.
Este mirante construído no estilo art-nouveau em 1915 (um estilo de arte onde o máximo eram as curvas inspiradas em elementos naturais), abrigou no ano de 1922 a primeira emissora de rádio paranaense, a PRB-2. Nos anos 30 foi observatório astrônomico e metereológico. Já nos anos 60 foi sede da União Cívica Feminina, que na fase pré-militar de 1964 empreendeu a “Marcha com Deus, pela Família e pela Liberdade” e organizou por aqui a campanha “Dê ouro para o bem do Brasil”.
Atrás do Belvedere você verá as Ruínas da Igreja de São Francisco de Paula. Começou a ser construída em 1808, mas pouco a pouco suas pedras foram utilizadas na torre da antiga Matriz e nas calçadas do entorno. Dizem que havia um túnel embaixo desta igreja que levava até o litoral?!!!
Olhando para o Belvedere, do seu lado esquerdo você verá o edifício do Museu Paranaense. Alberga exposições das primeiras populações do estado de cerca de 10.000 anos atrás e objetos e vestígios do dias atuais.
Desça pelo lado oposto ao museu, pela Rua Jaime Reis, antiga Avenida Cruzeiro. O nome atual é de 1918, em memória do médico, jornalista, escritor e deputado estadual Jaime Drummond dos Reis, assassinado na saída de um cinema da cidade, em 1912. Observe as residências das primeiras décadas do século XX. Olhe o calçamento da rua com os símbolos do Paraná: o pinhão e o pinheiro. Outro dos símbolos do Paraná é a ave responsável pela disseminação do pinheiro – a gralha azul.
De repente, surge do teu lado direito um palacete. Um edifício de 1883, que desde 1900 alberga a Sociedade Garibaldi. Local de encontros dos imigrantes italianos, e que buscava integrá-los à nova terra. Foram estes imigrantes os primeiros a lutar pelos direitos dos trabalhadores na cidade e sua luta levou à criação da Federação Operária no Paraná. Como a Itália estava no outro bando na II Guerra Mundial, o prédio foi invadido e confiscado pelo Estado, aí virou Palácio da Justiça e Tribunal Regional Eleitoral. Mas em 1965 o edifício foi devolvido à colônia italiana.
Palácio Garibaldi – Pintura de Cássio Mello
Em frente ao Palácio Giuseppe Garibaldi, esta a praça do mesmo nome. O seu principal atrativo é o Relógio das Flores, que foi doado pelos joalheiros da cidade em 1972. O comando do relógio está instalado na Igreja em frente, do Rosário, que foi a terceira Igreja de Curitiba, era uma construção do século XVIII e foi demolida em 1931, a atual é de 1946. Na época era a igreja dos escravos, levava o nome: Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito.
Igreja do Rosário – Pintura de Cássio Mello
Atravesse a praça, veja a escultura do cavalo, na verdade a “Fonte da Memória”, que homenageia a cultura dos tropeiros e dos homens do campo que vinham até a cidade vender suas mercadorias. Neste ponto se encontrava o antigo bebedouro do século 19. A fonte é uma obra do artista Ricardo Todd, que morreu prematuramente com 42 anos de idade.
Siga cruzando a praça em direção ao grande edificio da Fundação Cultural de Curitiba. Neste edifício, você encontrará informação turística da cidade, mas não espere muito. O mais interessante é um caderninho com a programação cultural e o folheto do ônibus turístico.
Pintura de Cássio Mello do edifício da Fundação Cultural de Curitiba
O edifício da Fundação provavelmente foi construído por volta de 1880, sob as ordens da primeira família austríaca que chegou em Curitiba por volta de 1854, os Wolf. Além de residência, já foi loja maçonica, escola de artes, quartel general, até que em 1975 foi desapropriado e passou a ser sede da Fundação Cultural.
Do outro lado da rua, você verá a Igreja Presbiteriana, por que é importante? Porque foi o primeiro templo desta igreja independente depois da sua divisão em 1903, sua construção é de 1934.
Começamos a descer a Rua Dr. Claudino dos Santos, do teu lado esquerdo se encontra o Solar do Rosário. Se você quer comprar uma gravura de um artista paranaense, ou uma tela, aqui é o melhor lugar. Uma galeria de arte, escola e livraria se encontram em um casarão do século XIX. A livraria especializada em arte, também vende produtos por exemplo do Natal de Luz e do Festival de Teatro de Curitiba. Entre, nem que seja apenas para olhar. Existem gravuras com preços bastante acessíveis.
Ao lado do caixa do Itaú, a entrada para o Solar do Rosário
Continue descendo a rua, do teu lado direito está o Memorial de Curitiba, entre e ao menos veja o bonito painel que conta com imagens alguns fatos importantes da história do Brasil. Nos domingos, costumam acontecer apresentações musicais nesta espécie de palco que está abaixo do painel. Está cansado, o que você acha de uma cervejinha em um dos bares mais tradicionais de Curitiba?
Ao lado do Memorial você encontra o Bar do Alemão, é difícil encontrar um curitibano que nunca tenha entrado neste local! Faz parte da alma da cidade, com seus 29 anos de idade! Aproveite para tirar uma foto “a la alemão” no painel da entrada!
Depois desta parada estratégica, desça até o Largo, mais conhecido como Largo da Ordem. Muitos curitibanos se referem a todo o setor histórico com este nome, mas o largo é esta parte final. O nome oficial é Coronel Enéas. Estando no Largo você verá a Igreja da Ordem, de 1737, que foi restaurada em 1880 para a visita do Imperador D. Pedro II. Esta igreja alberga o Museu de Arte Sacra.
Igreja da Ordem – Pintura de Cassio Mello
Quase ao lado, você verá uma casa branca, a segunda construção mais antiga conservada da cidade. Uma casa estilo açoriano do século 18, que já foi residência, açougue e armazém de secos e molhados. Desde 1973 é uma casa de exposições, e seu nome – Romário Martins – é uma homenagem ao cronista e historiador da cidade, que viveu entre 1874 e 1948. No centro do largo, o antigo bebedouro para os cavalos.
Do outro lado, outra casa emblemática é a Casa Vermelha. Construída em 1891 pelo alemão Wilhelm Peters. Em 1929 foi comprada por Benjamin Zilli que instalou seu comércio atacadista de ferragens, desde 1993 também pertence à Fundação Cultural de Curitiba. Eu já trabalhei aí como monitora de uma exposição da Bienal de Gravura.
Quase ao lado da Casa Vermelha está a Galeria Julio Moreira que te permite cruzar a rua por um subterrâneo, aproxime-se mas não cruze, admire os dois painéis que estão na rua, são de Poty Lazarotto, um dos maiores artistas paranaenses. O que você vê bem em frente mostra cenas e lugares típicos da cidade, e o que está nas suas costas lembra que no setor histórico aconteciam as feiras, quando os agricultores traziam seus produtos pra vender na cidade.
UFA! Ainda temos muito para ver, mas o que você acha de comer alguma coisinha? No próximo post uma dica para almoçar no Setor Histórico, até lá …
Pinturas: Cassio Mello
Mapa: Google Maps
Fotos: turomaquia_2007 e 2009