U2 em Barcelona – tudo que vi e senti naquele bonito dia
Esta é uma crônica pessoal do primeiro show do novo tour do U2. Por isso não espere racionalidade e lógica, eu sou fã dos caras e meu relato como de qualquer apaixonado, é relativo na crítica e absoluto na paixão. O primeiro disco que ouvi foi “The Joshua Tree”, da mão do Marco Aurélio Dias Rosa. Escutávamos a exaustão aquele LP. A partir daí não parei mais, e segui ouvindo com o Marcelo, com a Marcia e foi com ela que assisti ao show “Pop Mart”, no dia 11 de janeiro de 1998, no Estádio do Morumbi. Saímos de manhã de Curitiba, e ficamos mais de 8 horas de pé no gramado guardando nosso fantástico lugar. Aquele foi um dia inesquecível!
E onze anos depois, desta vez no Camp Nou, tive a honra de assistir ao primeiro show do tour 360° que deve durar dois anos! E desta vez da mão do meu mão do meu ser amado, que todos aqueles que lêem este blog já conhecem – o Tom. E dos meus mais queridos amigos – Samu e Manu.
De manhã chegamos a Barcelona depois de 3 horas de vôo desde Las Palmas de Gran Canaria. No avião muitos estavam indo com o mesmo objetivo, era engraçado ver as caras de apreensão e excitação, é claro que entre elas, estava a minha. Às 19:00 horas saímos do hotel e pegamos o metrô até o Camp Nou do Futebol Club Barcelona. O estádio já é todo um espetáculo. Nosso acesso era o de número 4, tivemos que dar toda a volta e por fim encontramos. Eu na minha ingenuidade tinha medo que não me deixassem entrar com a câmara fotográfica! Mais da metade do estádio levava seu porta-recordações portátil.
Snow Patrol tocando e o pessoal chegando
Fila para tudo, primeiro Tom e Manu compraram suas camisetas oficiais, a 30€ cada. Depois fila para o cachorro-quente e a cerveja, cada um a 4€. Por fim, nos dirigimos a nossa porta – 90. O coração já apertado no peito, e olho o cenário, em uma palavra – A-L-U-C-I-N-A-N-T-E!!! Subimos pela boca 444, até nossa fila 19 e nossos assentos. Os “teloneros”, aqueles que esquentam o público já estavam tocando, começaram às 20:30 – Snow Patrol. Sentamos ouvindo boa música para esperar que às 22:02 entrassem um por um, os quatro utwoneiros.
Começaram com as músicas do novo disco, diante de um público de 90.000 pessoas, muitas vestidas com camisetas dos shows anteriores. Poucos adolescentes, platéia madura (risos). Naquele cenário espetacular que parecia uma aranha gigante com uma tela enorme ao meio, uma torre na parte de cima e embaixo um palco giratório, um fosso com aqueles sortudos que estavam cara a cara com o grupo depois de uma espera de 48 horas nas portas do estádio, e depois vinha uma passarela circular, a qual o grupo acedia por duas pontes laterais desde o palco giratório.
No show anterior, o som também era preciso e limpo, mas o espetáculo cênico e visual sobresaia, desta vez, mesmo estando diante de um cenário espetacular, o som e os músicos sobresaíam e a relação com o público parecia mais próxima. Este era o objetivo que eles tinham e realmente esta é a sensação que se têm, mas nem por isso o espetáculo visual é menos impactante, dá uma olhada na tela durante vários momentos do show. São diversas telas que se dobram e se expandem …
Depois das primeiras canções do album “no line on the horizon”, vieram as antigas, e a primeira foi “Beautiful Day”, aí já não aguentei mais, e comecei a chorar de tanta alegria e porque o som que saía de toda aquela parafernália tecnológica ao final dava dentro de mim e se confundia com os “latidos” do meu interior. Senti isto também durante o desfile das escolas de samba do Rio, no recuo da bateria. Chorando, cantando, dançando feito louca me deixei levar, o que se costuma chamar: catarse!
Depois vieram: “I still haven´t found what I´m looking for”, alguém pode aguentar esta música com um coral de 90.000 pessoas? eu não posso, e as lágrimas voltaram a preencher aquelas pequenas rugas que insistem em sair do meu rostinho de criança (risos). “Angel of Harlem” foi dedicada a Michael Jackson, e Bono engatou nesta música aos sucessos de MJ – “Man in the mirror” e “Don´t stop till get enough”.
Quando tudo parecia que ia de forma previsível, não é o que o moço faz uma conexão com a Estação Espacial Internacional e conversa com os astronautas em pleno showwwwwwwwwwww! YES!
Voltaram as músicas como “Sunday Bloody Sunday”, não sei se era intencional ou não, mas durante esta música o cenário todo ficou verde, talvez uma alusão ao Irã?! Seguiram tantas, “Vertigo”, “Pride”, e de repente na tela o prêmio nobel Desmond Tutu fala ao público do problema da AIDS em África, e que da mesma maneira que a humanidade se uniu contra o apartheid, agora era a vez de nos unirmos para combater esta terrível doença.
Volta U2 e agora é a vez de homenagear a outra prêmio nobel da paz, Aung San Suu Kyi – símbolo da resistência pacífica em Birmânia – na passarela um grupo de pessoas entraram com uma máscara com o rosto desta mulher que leva anos em prisão domiciliar em seu próprio país. A canção desta homenagem foi “Walk on”.
Depois vieram os bises, com “With or without”, “Ultraviolet” e a minha favorita do novo disco – “Moment of Surrender”. Então paramos de cantar e dançar depois de quase duas horas e meia de desconcerto. Quando olhei o relógio, eram 00:30, e o metrô funcionava até a 1 da matina por causa do concerto, mas nós 4 não conseguimos sair rápido dali. Ficamos vinte minutos sentados, atônitos, admirados com nossas próprias reações e repassando todos aqueles momentos que acabávamos de presenciar, uma noite mágica!
todo mundo indo embora …
São poucos os grupos que possuem um ao vivo tão potente e que podem continuar surpreendendo, digam o que digam certos críticos. O que tinha de ser correto foi: som e luz, mas os músicos souberam dar seu toque e mostrar de que são feitos, até quando em “one”, Bono que não escutava o retorno, pediu a The Edge que voltasse a começar. Desta fibra, destes toques, do saber estar e emocionar, disto estão feitos os grandes mitos da música, como U2 e tantos outros que estão nos ditames da história, e que compuseram a trilha sonora da história da nossa vida!
Destaque post:
Novo show U2
U2 em Barcelona 2009
fotos: turomaquia_2009