São Luis: Patrimônio da Humanidade em perigo
Quando descemos do avião, lá estava o filho do Seu Manoel nos esperando com um cartazinho. Uma verdadeira benção depois de tantas horas de voo. E o pequeno luxo nem saiu tão caro, foram trinta reais. O serviço foi oferecido pelo Portas da Amazônia, que foi o nosso hotel em São Luís. Durante o percurso de 25 minutos o filho do Seu Manoel foi nosso primeiro guia na cidade.
Paramos na famosa Rua do Giz, que tem uma parte fechada para pedestres. Mas é possível chegar bem pertinho do hotel, que fica no número 29. Aparentemente o centro histórico parecia ser fascinante, e com este espírito desfizemos parte de nossa mala e descemos rapidamente para dar uma andada. Nas redondezas do hotel, a coisa está relativamente bem. Cruzamos a avenida em direção à Baía de São Marcos, o por-do-dol é impressionante. Mas aí já começamos a desanimar, porque os esgotos a céu aberto estavam ao nosso lado.
A maré estava baixa, e este é um outro espetáculo do local – as marés.
No Porto Grande, a frequência e saída dos barcos, depende da maré.
Segundo por-do-sol, agora com a maré enchendo
Esgoto a céu aberto, ruim pra todo mundo: meio ambiente, paisagem e qualquer olfato. Voltamos a caminhar pelas ruas mais próximas ao hotel, e o desanimo começou a aumentar. Onde estavam os 3.500 casarões tombados, e os famosos azulejos? É claro que estavam pelas ruelas, mas em um estado de chorar de pena. Calçadas pequenas e casas literalmente caindo aos pedaços. Os locais nos contaram que se o governo não toma uma atitude séria o título de Patrimônio da Humanidade está em perigo. E não me estranha nada. Se a designação fosse mais séria já teria sido tirada. Se a designação não tivesse um lado político tão evidente, São Luís já não estaria na lista da Unesco, na qual entrou em dezembro de 1997.
Pôxa vida, como podem deixar chegar a este estado de degradação uma cidade com uma história tão rica?! Ela foi fundada em 1612 por franceses. Eles deram o nome à cidade, em homenagem ao patrono francês, Luís IX e ao rei da época, Luís XIII. Mas como o tal Daniel de La Touche não tinha lá muita influência com os reis franceses, não conseguiu apoio para manter sua conquista. Quando os portugueses chegaram em 1615, os franceses fugiram do forte, única construção que haviam realizado! Em 1641 foi a vez dos holandeses ocuparem a cidade, ficaram por lá 3 anos, até que chegaram outra vez os portugueses, desta vez para expulsá-los. Que por via das dúvidas, resolveram fundar o estado do Grão-Pará e Maranhão, para oferecer maior resistência a novas tentativas de invasão. O estado sempre foi agrícola, e foi tão importante, que São Luís chegou a ser terceira maior cidade do país em população, mas veio a decadência da agricultura e com ela da própria cidade no final do século XIX.
Ufa, quanta história. Resolvemos não deixar que o desanimo nos tomasse. Procuramos o escritório de Informação Turística. Queríamos comprar um guia do centro histórico, buscar informações sobre Alcântara e Santo Amaro. O atendente até que era simpático, mas basicamente a informação eram folhetos de empresas privadas que ofereciam passeios aos Lençois Maranhenses, e um folhetinho de São Luís de chorar de ruim. Como é que é, “não tem guia não do centro histórico?”. Vixê santíssima, eu reservei três noites na cidade porque era patrimônio da humanidade, porque me prometeram 3.500 casarões antigos, e agora nem guia tem, e informação muito menos?! Sem contar que o rapaz com a melhor das boas intenções nos deu uma informação errada sobre Santo Amaro, disse que existia transporte por vans. Ele trabalhava no turismo e não conhecia sua própria região, porque senão saberia que era impossível chegar a Santo Amaro de van!!!!???!!!
Ok, viajante que é viajante não esmorece com qualquer obstáculo. Para subir os ânimos (no meu caso) nada melhor que comer. Andamos, andamos, e sentamos em umas mesinhas ao ar livre. Quando olhamos o cardápio, descobrimos que se tratava de um dos restaurantes mais citados por todos os viajantes, o Antigamente. E sabe o melhor do lugar? A música ao vivo. A música era de primeira qualidade. Agora a comida tinha suas pegadinhas. Pedimos uma salada com tomate seco e palmito. O que era para ser palmito não era, e o tomate seco eram escassos três representantes. O aipim frito estava durito como ele só! Agora os sucos naturais estavam deliciosos. Com o couvert que era de R$ 4,00 por pessoa, gastamos R$ 63,91. No coração do centro histórico, é a melhor alternativa para pestiscar e passar um momento agradável.
Depois deste recebimento da cidade, decidimos que o melhor era dormir para o dia seguinte conhecer a primeira grande surpresa da viagem: Alcântara.
Informação prática
Para contratar transfers desde e para o aeroporto por R$ 30,00 e para a rodoviária por R$ 20,00, fale com o Seu Manoel. Carros novos e atendimento ultra simpático.
e-mail: manus-tur@hotmail.com
Tels.: (98) 8114-1801 e 8825-0425
Restaurante Antigamente
Rua Estrela, 220 – Centro
São Luís – MA, 65010200
(98) 3232-3964
Lindo por-do-sol
Avenida Senador Vitorino Freire, ao lado do embarque para Alcântara – Praia Grande
imagens: turomaquia_2009