Por dentro de Francis Bacon
Imagina que louco levar todo o atelier de um artista para dentro de um museu?! Acrescenta à esta loucura, que tudo seja transportado e colocado como estava no exato minuto da sua morte. Exatamente tudo, as fotografias rasgadas e esquecidas naquele cantinho, as tintas misturadas que pararam no chão e não na tela, recordações de amigos, a tal ponto que você pense que por aquela porta a qualquer momento Ele vai entrar, te olhar diretamente nos olhos e te contar um pouco da vida. O atelier ali como um aquário no meio de uma galeria de arte moderna. Com janelas por todos os lados, e alguns buracos que te permitem sentir como um voyeur, vendo aquilo que nunca devia haver sido visto. Entrando n´alma do pintor. Invadindo de tal maneira seu espaço que possui a sensação insana que está fazendo amor com ele. Porque aquela experiência é tão íntima que nenhuma outra comparação te virá à mente. Antes de mais nada, um ato selvagem. Ninguém com a mente saudável poderia pensar de forma diferente ao olhar para aquele lugar, de onde saíram tantas idéias transgressoras. Um lugar que parece sujo, aproximando-se ao “nojento”, mas mesmo assim tão poderoso que você olha, olha e olha, e está enfeitiçado. Afinal, o que vê é o ato criativo congelado para teu deleite. Quando sentir que algo está tomando tua mente, vai subitamente abandonar tudo aquilo, mas inevitavelmente aquela imagem vai te acompanhar durante o dia, e quando em momentos como esse, lembrar do que viu, teu coração vai acelerar e dá-lhe emocionar-se tudinho outra vez …
P.S.: o que me veio na cabeça ao lembrar da minha experiência no Studio de Francis Bacon, de Londres que atualmente se encontra dentro da Galeria Hugh Lane, em Dublin.
fotos: http://www.hughlane.ie/