O que fazer em Lanzarote | Ilhas Canárias
Meu caso com Lanzarote foi de amor à primeira vista. Em nosso primeiro encontro, eu era uma estudante de doutorado a ponto de um colapso financeiro. Meu cartão de crédito não tinha mais fôlego. Mas acho que foi o momento da minha vida que estive mais receptiva e amigável. No barco que me levava de Las Palmas a Arrecife comecei uma amizade que se converteria em uma das mais importantes para mim.
Neste compasso de sensibilidade à flor da pele conhecia essa ilha que me fascinava à distância. Por estórias, como que o vento incessante e inclemente enloquecia a seus habitantes. E por relatos históricos como o de Figueroa.
Quando li pela primeira vez o parrágrafo que inicia este post, fiquei imaginando como seria uma ilha que no século 18 sofreu erupções vulcânicas contínuas por 6 anos. Erupções que alteraram sua forma e ¼ de todo seu território.
Índice
Indice – O que fazer em Lanzarote
1. Um mar de lavas – Parque Nacional del Timanfaya
2. O restaurante onde se cozinha com o calor do vulcão – El Diablo
3. Jameos del Agua
4. Trekking Mancha Blanca – Caldera Blanca
5. Salinas de Janubio
6. La Geria: Uma paisagem feita de uvas e cinzas vulcânicas
7. Fundação Cesar Manrique
8. Praias: Famara e Papagayo
9. Teguise
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Um mar de lavas – Parque Nacional del Timanfaya
É só sair dos limites da capital Arrecife, para começar a ver os “campos” de lava. Mas é no Parque de Timanfaya que a imersão é total.
No 3º. parque nacional mais visitado da Espanha todas as palavras de Alberto Vázquez Figueroa ganham mais sentido. O conceito de erupção vulcânica tão abstrato para uma paranaense ganha cores e formas beeem reais.
O Timanfaya é enorme, e como os outros centros de arte e cultura da ilha teve o dedo do artista César Manrique. Entre suas aportações, o diabo que anuncia a entrada ao espaço protegido. Para vasculhar boa parte do parque é preciso 1 dia de visita. Para uma introdução, ao menos 4 horas.
Centro de Visitantes e de Interpretación de Mancha Blanca
Se você não estudou nada relacionado à vulcanologia e nem é apaixonado pelo tema, aliás como euzinha, comece a visita ao Timanfaya pelo Centro de Visitantes e de Interpretación de Mancha Blanca. Diversos painéis no estilo infográfico aclaram e tornam a visita ao parque ainda mais interessante. Porque uma coisa é saber que correram pela ilha rios e rios de lava, e outra que estes rios ou correntes de lava chegaram a estender-se por 12 km!
Some às informações, a sensação da erupção. A cada 15 ou 30 minutos, um simulador te coloca junto à erupção vulcânica. Os tremores e principalmente os sons da terra se abrindo e lançando as primeiras lavas. Para uma geração acostumada a montanhas-russas que só faltam te lançar ao espaço, a experiência pode ser bobinha. No meu caso, que pago para não subir nestes “bichos”, senti agonia e alívio “quando novamente se fez silêncio”.
Ao final, caminhe até a porta traseira que dá acesso à passarela sobre o mar de lava, conhecida como “Malpaís de la Corona”. Por que as passarelas? Este é um terreno super frágil. Pisou, estragou, não tem o que fazer! Não tem como ser recuperado!
O estrado é enorme. Caminhei, parei e estive uns 20m minutos divagando comigo mesma. Porque afinal não é sempre que se pode caminhar sobre um deserto de lava!
Para antes de ir …
O centro abre todos os dias das 09:00 às 17:00 horas. A entrada é gratuita. Junto à entrada, funciona uma pequena loja com guias e souvenirs. Não há cafeteria, mas máquinas expendedoras com refrigerantes, águas, chocolates e alguns salgadinhos.
O restaurante onde se cozinha com o calor do vulcão – El Diablo
Acha que estou brincando? Que nada, a carne servida no restaurante é assada com o calor do vulcão adormecido. O lugar foi projetado pelo nosso conhecido César Manrique, com a ajuda de três arquitetos: Jesús Soto, Luis Morales e Eduardo Cáceres. E aqui cabe um parentêsis, o Dr. Cáceres foi meu professor no Doutorado em Turismo. Momento #orgulho
Mas não pensem que foi só abrir um buraco e pronto. Para resolver os problemas estruturais, colocaram nove camadas de rocha basáltica. Entrando no restaurante em formato circular e todo acristalado, a paisagem vulcânica está ali aos teus pés. Desfrutei como criança 🙂
Mas e aí, a comida vale a pena no Restaurante El Diablo?
Confesso que não tinha fé na comida em si. Queria era estar ali tomando algo, nem que fosse uma coca-cola com aquele panorama. Mas o lugar não é o típico restaurante pega-turista. A comida é ótima, aconchegante. Dividimos um primeiro e um prato principal. A carne era saborosa, já estava com saudade de um bom churrasco! Nós gostamos e repetiríamos!
Saímos felizes e pensando: naquele dia “comemos” com o calor emanado das entranhas da mãe terra. Uma baita experiência!
Jameos del Agua
um enorme caranguejo de metal nos dá as boas vindas aos Jameos del Agua. Estamos diante de um dos tunéis vulcânicos mais longos do mundo, com aproximadamente 6 kms. Fruto da erupção do Vulcão Corona somada a um capricho da natureza, uma infiltração de água, que acaba por produzir o túnel.
Imagine que uma parte do túnel tem o teto muito fininho e acaba se desfazendo. Ocorre um desprendimento. Parte do túnel fica ao ar livre. A sorte é que um homem de visão, o artista Cesar Manrique viu além do que maioria de nós veria, e recriou este espaço, sabendo que era a melhor forma de protegê-lo. E assim nasceu“Los Jameos del Agua”.
Tudo isso pode parecer demasiado com uma aula de geografia, mas é só colocar um pé no lugar para que tudo faça muito sentido. Diria mais, para que você queira entender todas as peculiaridades que convertem os Jameos del Agua em algo singular.
O que significa “jameos”?
Jameo é uma palavra indígena, dos primeiros habitantes das Canárias, que significa abertura ou boca de terreno que dá acesso a diferentes grutas. No percurso você passará pode diferentes jameos 😉
Num destes jameos encontrará com o símbolo do centro, aquele mesmo que te recepcionou na entrada, um caranguejo. Que é albino e bem pequeno, coisa de 1 cm, que além de tudo é cego! É uma espécie super rara!
Caminhamos por estes jameos, até chegar à intervenção mestre de Cesar Manrique. Uma piscina com fundo branco que constrasta com a lava escura, e serve de cenário para uma palmeira centenária. A que se soma um jardim que vai tomando conta de suas paredes e te conduz a um pequeno museu.
Recomenda-se deixar reservado 45 minutos para a visita. Eu mais bem diria quase 2 horas. Curtir cada espaço, sentar nas cadeiras de cores estridentes também criadas por Manrique pedir um drink e deixar a “vida te levar. Vida leva eu”.
Site: http://www.cactlanzarote.com/cact/jameos-del-agua/
Trekking Mancha Blanca – Caldera Blanca
Trekking é uma atividade oferecida em todas as ilhas canárias. Uma maneira diferente de conhecer o entorno. Não pensem que é coisa de “atleta”. Eu mesma comecei a fazer caminhadas com 34 anos e afirmo que a gente nem imagina do que é capaz 😉
O legal de colocar uma caminhada no meio de uma viagem, é a sensação de superação que a dita pode te proporcionar. Para alterar um pouco o ritmo, quando viajo com o Tom sempre tentamos encaixar 1 ou 2 trekkings. Em Lanzarote, só tínhamos uma manhã e decidimos realizar o Trekking de Mancha Blanca – Caldera Blanca.
A trilha fica dentro do “Parque Natural de los Volcanes”, numa área que foi atingida em cheio pela erupção de seis anos do século 18, e também pela última do 19. Imaginem que ¼ da ilha foi atingida pelas lavas. E este trekking te dá uma mostra do que foram aqueles anos de erupções contínuas, já que por todo o caminho estaremos entre um mar de lava.
Como chegar ao ponto de partida do trekking
Vá em direção ao povoado de Mancha Blanca. “Duzentos metros depois de passar pela última casa indo em direção ao Timanfaya, verá que começa uma pequena estrada e em seguida um pequeno desvio à uma outra estrada de terra. Essa última lhe conduzirá até o estacionamento.
Apenas 250 metros separam o estacionamento do começo da trilha”. Não encontrou? Perguntem no povoado, os “isleños” são super amáveis.
Como é: O caminho começa plano. Nesta primeira parte, o mais impressionante é o mar de lava que conduz a Caldereta. A cratera de um vulcão. A partir daí a trilha se torna mais íngrime até alcançar a cima da Montaña Blanca. De onde a vista é daquelas que merece uma “sentada” e admirada!
Lá em cima, é o local perfeito para um pic-nic, encontre um local um pouco protegido, porque o vento é forte.
Quanto tempo necessito para fazer o trekking?
A ida-e-volta ronda os 10/11 km, porque depende do quanto você suba. A dificuldade é média, mas é imprescindível levar um tênis adequado para caminhada. Tem que ser um tênis que não tenha o solado lisinho, porque isso facilita os tombos 🙁
Falando em tempo, pense em algo como 2 horas/ 2 horas e meia.
Para ver uma explicação detalhada da trilha, visite: http://www.entremontanas.com/islas-canarias/lanzarote.asp
O mapa do caminho é obra de: http://ociolanzarote.com/senderismo/mancha-blanca-caldera-blanca/. Para vê-lo grande, clique aqui.
Salinas de Janubio
Construídas em 1895 dentro de um fenômeno natural. Uma “laguna” criada pelas erupções vulcânicas, que acabaram levantando uma barreira de lavas entre o mar e esta grande circunferência de 3 metros de profundidade – a Lagoa Central.
Antigamente saiam daqui 10.000 toneladas de sal/ano. Hoje a produção ronda 2.000 toneladas que abastecem o mercado local e a lojinha na forma de bodega, que funciona das 7:00 às 14:30 horas.
Para curtir como manda o figurino, sente-se no bar-restaurante “Mirador Las Salinas”. Peça uma coca estupidamente gelada ou um appletizer (refrigerante de maçã verde da África do Sul) e para petiscar umas “puntitas de calamar” (lula).
Mirador de Las Salinas
Fecha na quinta, nos demais dias abre das 12:15 às 21:00 horas.
Gastamos com os 2 refrigerantes e as “puntitas” 10,40€.
La Geria: Uma paisagem feita de uvas e cinzas vulcânicas
Lanzarote foi a última ilha canária a produzir vinho. A produção começa após a erupção vulcânica do século 18, que criou as condições necessárias para a criação de um vinhedo e de uma uva cheios de singularidades.
As vinhas que sobem pelos vulcões
Dá uma olhadinha nestas fotos. Mostram uma das regiões de vinhedos da ilha, La Geria. Uma paisagem cultural protegida por lei. Em cada um destes círculos acizentados estão plantadas as vinhas, por quê?
Esta areia cinza é o que os canários chamam de “picón”, ou seja, material que saiu de dentro do vulcão durante sua explosão. Inicialmente se podia pensar que estas cinzas tornariam impossível qualquer cultivo.
Mas é justamente o contrário, elas possibilitam a produção, na medida que absorvem e conservam a água, já que funcionam como um material isolante que impede a evaporação d´água pelo calor. Lanzarote é a segunda ilha mais seca do arquipélago, o que mostra a importância de um cultivo que não dependa de grandes quantidades de irrigação.
Só que além do tipo e da secura do terreno, nesta ilha venta prá burro. Para resolver este probleminha eles cavam para encontrar a terra, onde plantam a uva. Depois voltam a colocar o picón encima para isolar o calor e constroem esta proteção circular contra as fortes rajadas de vento.
Agora imagine centenas e centenas destas construções circulares, com pontinhos verdes no meio, isto é La Geria. É uma paisagem de arrepiar, diferente de tudo que você já viu. Aliás, a ilha inteira é assim!
Na região, são mais de 10 bodegas produzindo diferentes tipos de vinho. O vinho branco é o mais famoso, mas pouco a pouco outras variedades vão ganhando espaço.
Fundação Cesar Manrique
Manrique, esse artista tão importante para a ilha construiu sua casa em um terreno de 30.000 m². Um lugar muito especial, por onde passou uma corrente de lava nas erupções que ocorreram em 1730 e 1736.
Como o terreno era super sensível e único, ele teve todo o cuidado necessário na hora de erguer o edifício e conseguiu de uma maneira incrível que a natureza entrasse livremente na casa, como? De repente no que era a sala principal você vê um troço da lava que se integra totalmente a esse novo espaço.
A casa é simplesmente fantástica, te dá muita paz passear por suas salas que foram transformadas em um “museu”. A construção se inicou em 1968 e incorporou cinco bolhas vulcânicas enormes, na parte inferior você vai encontrar um pequeno jardim, uma piscina e zona de churrasco.
Essa visita te ajudará a entender melhor as criações de Cesar para a ilha, a própria obra deste artista e daqueles que ele admirava.
A Fundação oferece bar e lojinha (aliás muito boa!), que se encontram aonde estava a garagem do edifício. Estão permitidas fotos, e a casa é super fotogênica. Passeio para no mínimo uma hora e meia!
Praias: Famara e Papagayo
As que eu mais gosto são: Famara e Papagaio. A primeira é enorme e cercada pelo penhasco de mesmo nome. A praia em si é um espetáculo no amanhecer ou no pôr-do-sol, e vale a visita. Já a Praia de Papagaio é pequena, uma cala como estas famosas das Baleares, com um mar de cor incrível!!! Para entrar se paga uma pequena taxa, na útlima vez que eu fui era 3 euros por carro. Existem muitas outras.
Agora as turísticas, com muitos hotéis, condomínios e todo tipo de serviços são Playa del Carmen e Praia Blanca. Playa del Carmen é bem grande, mas faz um vento por lá … aliás venta muito em Lanzarote, assim um boné é providencial para não parecer uma louca ou um louco, com o cabelo emaranhado!
Teguise
Nos domingos, se pode visitar a antiga capital da ilha – Teguise e de quebra passear pelo mercadillo – feirinha, das 09:00 às 14:00 horas. Ou ver o palmeral de Haria, dizem que antigamente para cada menino que nascia se plantava outra palmeira canária, e para cada menina, duas! Lanzarote é para perder-se e deixar-se encontrar …
Esse post está em construção, ainda incluirei outros atrativos até o final desse mês de março, entre eles: Casa José Saramago; Museu Atlântico Lanzarote, um museu dentro do mar.
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