Lonely Planet – Brasil
Pensava em apenas comentar que este mês a Revista Lonely Planet em espanhol está dedicada ao Brasil. Contar a que destinos se referia a revista e não muito mais. Mas ao ler o editorial e a primeira reportagem mudei de planos. Vou trazer allguns trechos para que vocês possam perceber a aura que envolve nosso país e a pena que me dá que mesmo assim recibamos tão poucos turistas estrangeiros. Vamos lá?!
Minha primeira impressão quando folheiei a revista ainda na banquinha foi que outra vez era o típico, um montão de reportagens sobre os índios. Eu não sou contra ninguém, mas o Brasil está conformado por tantas etnias e povos, que me parece cair na mesmice somente falar de uma parcela da população. Eu sei, eles foram os primeiros habitantes, mas falar de pureza me parece um pouco forte e sem sentido na era atual. E o bonito que se revela já no editorial e na primeira reportagem, e o que chama a atenção do gringo é a nossa diversidade! Olha o título do Editorial: Prazer no diverso. Já que falei do dito, seguem alguns trechos:
… Porque existem poucos países com uma pluralidade humana e natural tão extraordinária como a do gigante sulamericano. Olhem um Atlas e tentem pegar Europa: com uma pequena volta e apertando um pouco aqui e ali, poderiam metê-la no espaço que desenha Brasil. (….) Para muitos, Brasil é o mais próximo ao paraíso na Terra”.
A primeira reportagem é um hino de amor ao nosso país, aonde se entralaçam momentos históricos e atualidade, citando diversas cidades e tradições. Vocês sabem que isto de dizer, que o Brasil, é o país do futuro era o título de um livro, que um austríaco publicou em 1941? E que este homem, Stefan Zweig, se apaixonou pelo Brasil e acabou ficando por aqui? Sabe por quê? Saiba em primeira pessoa:
“Apoderou-se de mim uma embriaguez de beleza e gozo que excitava os sentidos, estimulava os nervos, dilatava o coração e, por mais que visse, mais queria ver”.
Mas o jornalista Bernardo Gutiérrez (que viveu quatro anos no país) viaja mais atrás para trazer à tona uns imperadores que chama de progressistas. Eu não me lembro de aprender este lado da realeza na escola, que pena!
“Brasil foi o maior estado escravista das Américas, mas teve os imperadores mais progressistas. Considerada a primeira mandatária feminina do continente, a princesa Isabel foi uma firme defensora da abolição da escravatura. Em maio de 1888, no banquete que celebrava a proibição desta prática, fez com que servissem a comida mais típica dos escravos: a feijoada, hoje prato nacional de Brasil.”
Passeando por nossas regiões, pela biodiversidade, afirma que o país possui cenários que apaixonam, e que vários estrangeiros se virão flechados pelo país depois do austríaco Zweig, um deles Le Corbusier:
“Quando o arquiteto suiço Le Corbusier pisou Rio de Janeiro na década de 1930 ficou maravilhado. Chegou a afirmar que a natureza aí é tão perfeita, que nenhum arquiteto a superará nunca”.
Esta primeira reportagem me emocionou muito, e me fez pensar na nossa falida publicidade turística, lembram?!! Estas páginas tem muito mais poder de atração do que aquelas imagens descuidadas e sem sentido pelas quais se pagam milhões!
“Uns dias depois de ter chegado no Brasil, calçando as havaianas de rigor e saboreando um chopp em um boteco, falaremos com os paroquianos e acabaremos cantarolando qualquer samba da rádio como se fosse nosso. Então olharemos a nosso lado com otimismo e seremos felizes como Zweig, sem saber o porquê, sentindo que tudo é possível, que o melhor está por chegar e que somos parte de algo muito maior que a própria vida”
Destaque do post:
Banca de Jornais espanhola
Lonely Planet
Brasil
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Ainda vou trazer mais informação sobre esta revista!
A reportagem traz um erro de data na abolição da escravatura, ao invés de dizer 1888, diz 1885, mas na tradução coloquei a data correta.
Imagem: Capa da Revista Lonely Planet
Reportagem: “La tierra más cercana al sueño del paraíso” de Bernardo Gutiérrez.
Editorial: “Placer en lo diverso” de Marisol Soler
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