Guias de Viagem e Arte

 
 
jan 24 2009

Traduzindo na Espanha – uma experiência surreal

Já contei para vocês da minha entrevista ao blog Entrevistando Expatriados. Pois é, estava refletindo sobre algumas de minhas respostas, e acredito que devia acrescentar algo à pergunta – “você mudou de área depois da saída do Brasil …”.

Eu continuo escrevendo material didático e dando aulas, mas também aprendi coisas novas e estou atuando em outras frentes. Primeiro por necessidade total, sobrevivência mesmo, comecei a traduzir textos do espanhol ao português, depois ao espanhol. De repente, sem saber como, estava fazendo o que eles chamam de tradução consecutiva. O que é isso? Uma pessoa fala, para e você que está ao seu lado resume e traduz o que ela disse.

A primeira vez que fiz este tipo de trabalho foi meio hilária. Eu realmente não sabia que ia fazer isso. Estava trabalhando em umas jornadas com prefeitos das Canárias, Madeira e Açores. Coordenava a parte de fala portuguesa. De repente me chamaram para estar ao lado de alguns prefeitos que estavam dando entrevista ao vivo para a televisão e a rádio. Disseram que era para ajudar caso eles tivessem alguma dificuldade. A um dos políticos portugueses lhe fizeram uma pergunta, e ele desimbestou a falar, falou muito mesmo. Quando ele terminou, os jornalistas colocaram o microfone na minha boca (literalmente) para que eu fizesse a tradução! Eu que estava meio ” o pensamento vai mais longe”, quase morri enfartada. E assim começou minha vida de tradutora ao vivo e a cores.


E não é que existe uma prova deste fato. Olha eu aí de camiseta branca, parecendo o louro do pirata!

Na segunda vez me chamaram para uns seminários financiados pela União Européia, e tive que fazer tradução de palestras sobre biologia marinha, etc. Depois disto, vi que já nada me dava muito medo.

Um dia me chamaram para fazer tradução simultânea, aquela que você fica em uma cabine com um fone, escuta o que a pessoa fala e vai simultaneamente traduzindo. Eu não aceitei, é que me parecia muito atrevimento!

O segundo convite veio em um momento que necessitava um dim-dim extra. Fui sincera e disse que não tinha nenhuma experiência. Realizaram um teste comigo e com duas cabo-verdianas. Antes do teste meu coração parecia que ia sair do peito, eu não me sentia capaz de escutar e falar ao mesmo tempor em dois idiomas diferentes. Mas foi muito estranho, na hora que coloquei os fones, e a pessoa começou a falar, fiquei tranquila, e passei no teste. Assim em 2007 com a Carla (saudades de ti) trabalhei por primeira vez em cabine.

Neste tipo de tradução tem um momento em que você pode traduzir a um outro tradutor. Como é isso? É o que chamam “relay”, neste caso em concreto, estávamos trabalhando em quatro tradutores de espanhol-português, francês-espanhol. Quando uma pessoa falava em francês, eu escutava ao colega que traduzia ao espanhol e então traduzia ao português. Assim, quando falavam em português, eu traduzia ao espanhol e ele por sua vez ao francês. Isto te coloca um pouco nervosa, porque quase todo mundo na sala depende do teu trabalho!!!

Uma nova experiência em um outro país, algo que eu nunca, mas nunca mesmo pensei que fosse fazer na minha vida, e aqui estou (risos). Sabe né aquele ditado: “a necessidade faz o ladrão”, é bem por aí mesmo!


Eu na cabine no meu último trabalho (dezembro/2008) em Casa África

Quer saber das minhas aventuras espanholas? Leia minha entrevista aqui.

Beijos e amanhã lhes espero para ver o último capítulo da Telenovela Kalón, e um índice da Grécia para facilitar a vida dos leitores!!!

Destaque do post:
Blog Entrevistando Expatriados
Experiência profissional no exterior
Tradução consecutiva e simultânea

Leia também:
Entrevistando Expatriados

Fotos: turomaquia_2003
turomaquia_2008
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Postado por Patricia de Camargo | Marcadores: