Guias de Viagem e Arte

 
 
jun 21 2010

Fotos, museus e memórias perdidas ou É justo não poder fotografar em um museu?

Todo mundo sabe que a fotografia é uma forma de ativar a recordação. Através destas imagens congeladas navegamos pelos momentos que certamente são valiosos, já que foram dignos de fotografar.

proibições em museus

Na hora de contar uma viagem aos amigos e familiares, são os objetos, os lugares, as pessoas presentes nas fotografias que mais despertam histórias e estórias. É natural. Daí que a primeira constação é a óbvia: quem não é visto, não é lembrado!

proibições em museus

Parece que muitos diretores de museus desconhecem esta dinâmica. Simplesmente proibem tirar fotos em suas salas. Assim de fácil. Alegam que o flash das câmeras vai estragar as obras. Mas claro que os jornalistas e convidados especiais possuem um flash diferente, e por isso podem fazer mil e uma fotografias. Fico pensando que o diretor do Museu do Louvre ou do British Museum devem ser inconsequentes!? Por que permitem que se fotografe em “seus” museus?!!! Claro que sem flash, sem tripé, e acessórios afins. Mas sempre tem o perigo daquele ser que não sabe ou não deseja desligar o flash e dispara sua arma letal contra a pobre obra desamparada. O certo é que estas pessoas vão obter imagens esbranquiçadas, feias de doer, e deviam ser convidadas a abandonar a instituição por estúpidas!

proibições em museus

Tirando o exagero de ambas partes, meu e dos museus, voltamos ao ponto que sem uma mísera foto, a experiência no museu não passará a prova dos anos. Ok, alguém pode alegar, que o visitante pode comprar um cartão postal na lojinha do museu. Mas  não é o mesmo comprar uma foto que não se percebe a dimensão da obra por falta de um ser humano na frente, e que não reflete o clima do momento fotografado. Você já passou pela prova de fogo de ver um album com mais de uma dezena destes postais insípidos colados? Um saco! As pessoas lembram que viram a Monalisa ou As Meninas, mas e as outras mil obras do museu!!???? Que nem sequer aparecem em catálogos ou postais?

Museu do Louvre

Já escutei que não permitir fotografar é uma maneira de controlar a imagem do museu. Porque muita gente faz umas fotos horrorosas que quando vistas podem fazer com que outros se desmotivem a visitar a instituição. Bem, neste caso o que se salvaguarda é a imagem inexistente, ou a entendiante imagem projetada por catálogos??? Outra balela!
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Estes diretores super inteligentes preferem que alguns visitantes “roubem” estas imagens. Que neste caso, costumam ser horríveis. Publicando as ditas cujas em seus blogs ou como troféus em reuniões familiares. E você que não sabe burlar as regras, sente-se um idiota porque vê o sujeito fazendo a foto que você queria muito realizar!

Para não perder os rendimentos que alguns alegam como motivo principal de não permitir fotografar. Por que não reproduzir uma boa prática. Alguns museus cobram uma taxa daqueles que desejam realizar fotografias. O pagamento lhe confere uma pulseira, como estas dos resorts all-inclusive e você se sente rei. Vivi esta experiência no excelente Museu Vasarely, em Budapeste.

Museu Vasarely

A última alegação dos contrários às fotos nos museus: É uma forma de levar às pessoas a olhar mais detenidamente para a obra ao invés de apenas fotografá-la. Cada um vive a experiência à sua maneira. Não é através de medidas tontas e limitadoras da liberdade que um museu vai lograr que alguém se interesse mais pela arte. Ai que legal se fosse assim tão fácil. E nem o fato de fotografar, altera a experiência de outros visitantes. No Louvre, a única obra que as câmaras podem te impedir a aproximação é a Monalisa. Mas eu encaro esta questão como um desafio: Aproximar-se desta mulher tão desejada. Desta superstar dos museus-estrela!

Museu do Louvre - Monalisa

É triste que diante de obras que valem milhões e representam histórias universais, aqueles que estão para protegê-las apenas estejam interessados em perseguir aos que tentam fotografá-las. A seguinte conversa escutei no Prado, um segurança falando com outro por rádio na sala dos Goyas:

– Fique atento, está chegando na tua sala uma senhora de cabelo branco num grupo de alemães.
– (imagino que o outro perguntou: Por quê?)
– Ela está tentando tirar fotos, gruda nela!

Santo Deus, achei aquilo tão ridículo. Eu sou do tempo que se podia entrar no Prado e fotografar. Que se podia entrar na Accademia de Firenze e fazer uma foto com o David, de Michelangelo. Agora nada disso pode, e quê??? (Voltou a ser permitido, ebaaaaaa). O que acontece é que as pessoas identificam os museus como locais em que tudo é proibido, e isto só provoca uma rejeição a estas instituições. Ou as visitas relâmpagos, as ditas obrigatórias para quem está em Paris ou em Madrid. Com este tipo de normas despropositadas, os museus não vão conseguir aproximar as pessoas a um patrimônio que a fim e a cabo, é de todos! Eu ainda sonho com um tempo que as pessoas chamam os museus de “meus”, como nos referimos àqueles lugares mais queridos e inesquecíveis, em que é um prazer voltar, voltar e voltar …

Accademia - Firenze
E você, o que acha disso tudo? Acredita que os museus devem seguir proibindo  que se tirem fotos de suas salas?

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Imagens: Turomaquia_1995_2004_2010 y
http://concursofoto.edreams.es/es/files/imagecache/vista_horizontal/galeria/mini-2597.JPG

Postado por Patricia de Camargo | Marcadores: