Guias de Viagem e Arte

 
 
set 02 2009

Alcântara: mais do que um bate-e-volta

Muita gente que visita São Luís acaba optando por fazer um bate-e-volta para Alcantara. Mas falando a verdade a cidade merece mais do que algumas horas pelo centro histórico. Dormimos uma noite por lá, mas como começou esta viagem? Vamos lá …

Deixamos nossa mala no Portas da Amazônia, e fomos caminhando com a mochila para o Porto Grande, bem pertinho do hotel. Local que fotografamos aquele lindo por-do-dol. Os horários dos barcos dependem muito da maré. Mas o nosso saiu religiosamnete às 09:00 horas. Pode comprar o ticket na hora. Fomos com o catamarã Victória, também havia uma lancha, mas nós preferimos algo mais lento, para curtir a paisagem, afinal estamos viajando, para que a pressa?!


Nosso barco era como esse da foto

Para quem vai fazer somente um bate-e-volta, deve pegar este barco porque o outro sai no final da manhã e o último à tarde. O percurso foi tranquilo e bonito, Fui sentada na lateral do barco, e tomando aquela brisa marinha deliciosa. Quando estávamos ainda no porto de São Luís, um rapaz se aproximou perguntando se queríamos guia na cidade. Ficamos meio assim, mas ele foi super simpático e nada agressivo. Assim conhecemos o Daniel e entramos no grupo do dia formado por 8 pessoas, só o Tom era estrangeiro.

Depois de uma hora de travessia, chegamos à Alcantara. Cidade colonial do século XVII, que foi muito rica, e entrou em decadência após a abolição da escravatura. O passeio começou na praça principal, onde visitamos uma espécie de centro de interpretação do CLA – Centro de Lançamento de Alcântara.


No pátio do centro de interpretação

Esta base foi criada em 1989, e o lugar foi escolhido a dedo, está apenas a 2 graus da Linha do Equador, e daí? Esta posição geográfica ajuda no lançamento e faz com que se gaste até 40% menos combustível, uau! Por este e outros motivos, como por exemplo o clima, é considerada uma das melhores bases de lançamento do mundo. Mas não pode ser visitada, apenas o centro de interpretação.

Uma das coisas legais de Alcântara, é que você caminha pela cidade e não vê aqueles fios feios da instalação elétrica. A luz só chegou por aqui há cerca de 19 anos, e a fiação é subterrânea, perfeito!

Na Praça principal se encontravam as casas dos nobres que se dedicavam ao comércio. Normalmente eram sobrados. A parte de baixo estava destinada à sua atividade profissional e o restante era residência familiar.


Um exemplo de sobrado

Já as famílias com mais dinheiro tinham solares, somente com função residencial. Excepto as partes superiores que estavam voltadas em direção ao mar, para que os senhores pudessem observar a chegada dos barcos e também eram o local onde fechavam seus negócios. Estava vetada às mulheres, primeiro porque era uma atividade masculina, e segundo porque as escadas de acesso eram minúsculas e elas não podiam passar com suas saias rodadas!


Um solar com sua parte superior para avistar os barcos

Na Praça da Matriz está a Igreja de São Matias, do século 17. Ao seu lado um dos pelourinhos melhor conservados do Brasil!


Igreja de São Matias com o pelourinho (à esquerda)

A Igreja dos Negros, ou Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é do século 18. Aqui a missa começava depois e terminava antes, por quê? Porque os escravos tinham que deixar seus patrões na Igreja Matriz, e buscá-los ao final da sua missa.


Detalhe da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Aqui também ficamos sabendo a diferença entre os azulejos portugueses e franceses. Os franceses, cada azulejo forma um desenho inteiro, já os portugueses é o conjunto de quatro azulejos que conformam o desenho final. Aqui em Alcântara todos são portugueses.

Na época de ouro da cidade por aqui estavam quatro ordens religiosas, mas três foram expulsadas, porque eram contra a escravatura. Isto fez com que algumas igrejas que estavam sendo construídas fossem abandonadas, como a Igreja de São Francisco de Assis.

Outra coisa curiosa é esta escola “Presidente John Kennedy”. Teria este nome porque a cidade recebeu dinheiro do famoso Plano Marshall com o final da Segunda Guerra (?!).

A cidade é pequena mas está repleta de igrejas. A Igreja Nossa Senhora do Carmo é do século 17. O altar rococó do século XVIII é bem legal. Eu adoro barroco, e tenho uma queda pelo rococó, que é quando se levam as coisas ao extremo. Olha quanto anjinho e dourado tem este altar. Alucinantes as varandas laterais com estas colunas em forma de figura masculina (conhecida pelo nome de atlante). Vale a visita!


Igreja Nossa Senhora do Carmo
Interior da Igreja

Ao lado desta igreja se encontram as ruínas do Palácio do Barão Pindaré. Começaram a construir para a suposta visita do Imperador D. Pedro II, que acabou não acontecendo. Li que havia uma disputa entre dois barões para hospedar ao imperador, e que a coisa foi tão feia que um foi assassinado no fervor da “batalha”, o que teria feito o imperador desistir da dita visita (?!).

Quase ao final do passeio flanamos pela Rua da Amargura, que é linda, mas sua história é bem triste. Seria a rua pela qual os escravos passavam quando iam ser castigados. O Pelourinho estaria no final desta rua, antes de ser trasladado para a Praça da Matriz. Outra versão diz que acabou sendo chamada assim porque era o lugar onde as mães se despediam dos seus filhos que iam estudar em Lisboa. É super fotogênica, e tranquila.

Em cada esquina se encontra uma casa, um monumento, uma vista que comove. Ao final, estava apaixonada pela cidade!

Informação prática:
Barcos saem do Porto Grande
Tarifa do catamarã – R$ 10,00
Lancha – R$ 12,00
Duração do percurso – mais ou menos 1 hora
Se quiser fazer um bate e volta, tem um barco que sai às 15:30 horas para São Luís.

Guia em Alcântara – Daniel
Tel: (98) 9135-5768
e-mail: adinaelguia@yahoo.com.br
A única coisa que achamos mais ou menos foi o lugar do almoço, restaurante da D. Josefa.

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fotos: turomaquia_2009

Postado por Patricia de Camargo | Marcadores: