Guias de Viagem e Arte

 
 
jun 04 2010

Versalhes: um caso de amor ou ódio!

Nem o gigantesco portão dourado da entrada era capaz de retirar-me do estado de letargia que me encontrava. A noite anterior retumbava literalmente na minha cabeça. Caminhava mal e porcamente. A champagne ainda circulava no meu sangue. Eu lá queria saber de reis e rainhas. Sorria ao lembrar dos agudos: “Paris” do show do Lido, e nas mil e uma transformações do palco. Mas tinha que me manter em pé, viajar em três pessoas demanda sacrifício em nome do grupo.

Palácio de Versalhes

Uma troca de olhares com Soraya. Lembramos sem dizer nada do incidente da madrugada. Acordei com ela praticamente respirando no meu pescoço, a cama daquele mequetefre hotel havia quebrado para meu lado, e ela simplesmente havia deslizado na cama de casal na minha direção. Ou melhor, meu corpo parou sua queda direto ao chão!

Mademoiselle, escuto uma voz, deve ser realidade, não é sonho. Tenho que entrar. Tudo pelo dever turístico e da amizade. Lembro que a Sala dos Espelhos ainda não havia sido reformada e tudo estava meio escurecido. Caminho e muito, mas a única recordação que tenho é de que Maria Antonieta dava a luz perante um montão de gente. Aquilo me impactou de tal maneira que quaaase sai daquele estado moribundo.

Palácio de Versalhes

Quando por fim terminamos o palácio, e saímos ao jardim, confessei às meninas que não seria capaz de seguir em frente. Os jardins eram intransponíveis naquele exato momento. Portanto, demos por finalizada a visita. Balanço: indiferente, mas pensei que era o cansaço e a bebida que falavam mais alto. Divaguei: um dia voltarei.

E foi assim. 3 de março de 2010, totalmente descansada e disposta a percorrer palácio, jardins e outros recintos saio de manhã com outra amiga, a Mesi. Outra vez mais utilizo o Paris Museum Card para entrar. Caímos diretamente na sala em que se alugam os audio-guias. Uma fila gigantesca. Muita gente, mas coloca gente nisso. Pense que era uma terça-feira em baixa temporada. Aquilo nos atordoa. Mas com um mapa nas mãos, começamos a visita ou tentamos. As primeiras salas estão repletas de pessoas, é difícil desfrutar do que se vê, isso quando se vê. Olho para Mesi e vejo que ela sente a mesma coisa: AGONIA!

Palácio de Versalhes

Levamos 15 minutos para entrar no clima. Pouco a pouco fomos nos acalmando para prosseguir. Os cartazes de cada sala dizem o mínimo. Informam pouco. Vamos entre as duas buscando referências para entender o que significou aquele palácio no seu tempo aúreo. Tentando visualizar como se vivia naquele gigante repleto de cores. Um gigante que nasceu pequeno como todos, era mais bem um cabaninha no bosque para caça. Luis XIII afinal decidiu construir uma pequena residência, que de quando em quando recebia sua mãe e esposa para passarem o dia. Mais adiante acabou comprando um castelo nas imediações, resolveu ampliá-lo, só que sua morte fez com que Versailhes permanecesse 18 anos meio “esquecido”.

Palácio de Versalhes

Até que num belo dia, o Rei Luis XIV veio de visita e se apaixonou pelo lugar. Por falta de dinheiro, desistiu de sua idéia de demolir o antigo edifício, e decidiu ampliá-lo. E o lugar que nasceu com vocação festeira, acabou se convertendo na residência oficial. O rei não parava de ampliar e construir novos edifícios, gastando um dinheiro amoado. No climax das construções, chegaram a trabalhar em Versailhes até 22.000 pessoas, afinal se plantou um bosque inteiro! E Luís XV e XVI também ampliaram a área construída, até que em 06 de outubro de 1789 o palácio foi tomado pelo povo.

Palácio de Versalhes

Desde então foi pouco utilizada até sua conversão em museu. Mas nem por isso não foi palco de grandes acontecimentos, como o tratado que pôs fim à Primeira Guerra Mundial e um ataque terrorista em 1978.

Palácio de Versalhes

Era em tamanha história que tentava me concentrar enquanto lutava por caminhar naquele mar de gente. Desta vez, percorri os jardins, mas como era inverno muitas esculturas estavam “embrulhadas pra presente”, hibernando para se mostrar quando o sol aparecesse. As árvores estavam bem magrinhas e descoloridas. Passamos pelos caprichos mas tardios, como o Pequeno e Grande Trianon. Entre caminhadas nos perdemos um pouquinho.

Palácio de Versalhes

Resumo da ópera: foi legal. Só isso? Infelizmente. Ficou a vontade de sentir como outras pessoas, que chegaram a afirmar que o ponto alto de sua viagem parisiense foi à visita ao palácio, mas não posso. No meu caso seria uma mentira das gordas. Foi entretido, e até cansativo, mas não imprescindível. Quem sabe ainda dê outra oportunidade para ser seduzida pelo grandalhão. Talvez desta vez acompanhada por um homem para chamar de meu, e assim eu e o Tom possamos como mínimo utilizá-lo como cenário para fotos ultra-românticas!

Palácio de Versalhes
Ainda hoje, guia prático para visitar o Complexo de Versalhes!

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Fotos: turomaquia_2010
Quadro de William Orpen, mostra a assinatura do acordo de paz da Primeira Guerra Mundial (1919)