Guias de Viagem e Arte

 
 
fev 29 2016

Guia de Visita do Museu de Arte da Filadélfia, o museu do Rocky

A coleção permanente do Museu de Arte da Filadélfia é daquelas que por si só já vale a visita à cidade. Eu cai de paixão por este museu, a começar pelo staff amável, você não fica com aquela sensação que o pessoal de sala está sempre te perseguindo. Realizei duas visitas e em nenhuma das duas havia grandes multidões, o que eu acho uma pena num museu tao incrível.

Como chegar no Museu de Arte da Filadélfia

O Phlash tem duas paradas no museu, a primeira na parte debaixo das escadarias, junto ao Rocky; e outra na parte detrás. Prá quem estiver hospedado junto ao Love Park ou junto a Prefeitura é uma caminhada gostosa e plana pela Benjamin Franklin Parkway. Também passam pelos museus os seguintes ônibus: 7, 32, 38, 43 e 48.
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Quando ir no Museu de Arte da Filadélfia

O museu abre de terça a domingo das 10:00 às 17:00 horas, mas faz serão em dois dias, na quarta e na sexta-feiras quando fica aberto até às 20:45 horas.

Quando custa visitar o Museu de Arte da Filadélfia

Adultos – U$ 20
Maiores de 65 anos – U$ 18
Estudantes e jovens de 13 a 18 anos – U$ 14
Gratuito para menores de 12 anos.
Toda 1a. sexta-feira do mês das 10:00 às 17:00 horas e na quarta-feira das 17:00 às 20:45 horas você paga quanto quiser para entrar!
Vale a pena entrar no site do museu para ver ofertas, neste momento há um código para compra online que dá U$ 5 de desconto na aquisiçao da entrada.

Com o Philadelphia Pass a entrada é gratuita!

Dica Turomaquia: Uma coisa bem legal é que a entrada dá direito a visitar este museu + o Museu de Rodin por dois dias consecutivos 🙂

O que ver no Museu de Arte da Filadélfia

1o. andar
Comece pelas salas da Arte dos Estados Unidos

Sala 111 – só pela ambientação já vale a visita, as paredes de cor avermelhada abrigam duas grandes telas cheias de sangue e que são retratos ao estilo criado por Rembrandt, onde os retratados aparecem em pleno exercício profissional. As duas telas de Thomas Eakins mostram cirurgias, e como foram pintadas em momentos diferentes é interessante analisar os avanços da medicina de uma para outra.
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As pinturas de Eakins são enormes e no centro da sala dividem protagonismo com uma escultura de mármore de Randolph Rogers: “A Plêiade Perdida”. As 3 obras são contemporâneas, e o tema mitológico da escultura encaixa com que se vivia na arte naquele momento, o Neoclacissismo, graças as descobertas de Pompéia e Herculano que reviveram com força os ideiais de beleza greco-romanos.

Passe pela pequena sala 112 para ver a curiosa obra de Charles Wilson Peale que pretende confundir o espectador com uma escada que começa frente à tela e acaba dentro da pintura.

De lá vá em direção à grande escadaria para entrar no mundo da arte moderna 😉
Sala 153 – Uma obra bem diferente do Manet – “The Steamboat”, de 1868. Veja que alucinante o verde que ele consegue criar para o mar e que nos passa esta sensação de mar bravo, de muita corrente. Nesta mesma sala também verá uma pintura de Mary Cassat e uma obra também bastante diferente de Degas – “Interior”. Mary Cassat era da Pennsylvania, mas passou boa parte da sua carreira artística em Paris.
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Sala 154, passa por lá apenas para ver a baita influência do que já comentei – os descobrimentos de Pompéia e Herculano – num vaso grego mas do século 19, desenhado por Victor Etienne Simyan.

Sala 152 – uma montagem genial do curador nesta sala, você pode ver um mesmo tema, que é o jarro de flores pintados por 3 pintores diferentes e contemporâneos: Van Gogh x Gauguin x Renoir. Faça um exercício do olhar, fique diante das 3 sem olhar as etiquetas e tente reconhecer de quem é cada tela. Não importa que você acerte, mas sim este momento de relaxamento e de olhar além do sempre visto.
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Nesta sala verá umas telas incríveis do Cézanne, aliás na Filadélfia foi onde vi mais Cézannes juntos em toda minha vida, um privilégio!

Sala 157 – Vá atrás da paisagem chuvosa de Van Gogh, que ele pinta desde sua janela do hospital de Saint-Rémy em 1889. Nesta época os pintores da vanguarda estavam loucos pelas gravuras japonesas que chegavam até Paris, e nesta tela se observa a influência do que se conhece como japonismo na obra de Van Gogh.

Sala 158, verá aos dois austríacos mais internacionais: Klimt e Schiele. Klimt começou o retrato de Ria, filha de Alexander e Aranka Pulitzer Munk em 1917, mas ficou inacabado porque o artista faleceu no ano seguinte. Quando ele pintou este e outros 2 retratos da jovem, ela já estava morta. Ria se suicidou com um tiro em 1911 quando tinha 24 anos, aparentemente desesperada por um amor não correspondido pelo escritor alemão Hans Heinz Ewers, de 40 anos. Com a morte do pintor o quadro passou às mãos de Aranka Munk, que o levou para a casa familiar de Bad Aussee. Em 1941, a vila foi tomada pelos nazistas e o quadro foi enviado ao colecionista William Gurlitt, que em 1953 o doou para a Neue Galerie de Linz, até que em 2009 de forma voluntária a tela foi devolvida para a família de Aranka Munk. A família resolveu leiloá-la, obtendo através da Casa Christie´s 25 milhoes de dólares. Atualmente, encontra-se emprestado ao Museu de Arte de Filadélfia. Que história hein!? Lembra um pouco o filme “A Dama Dourada”.
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Curiosidades: Antes deste retrato Klimt pintou Ria em seu leito de morte, uma temática que estava super de moda na sociedade vienense da época. Sua mãe, Aranka Pulitzer Munk era sobrinha de Joseph Pulitzer que dá nome ao grande prêmio do jornalismo, da literatura e da composição musical em Estados Unidos. Voltando a Aranka, inconformada com a morte de sua filha, pediu outro retrato a Klimt, que retratasse uma Ria cheia de vida, e assim o artista pintou outra tela em 1916 que foi rejeitada por Aranka. Ele acabou dando uns retoques na tela rejeitada, e começou a pintar este tela que está diante de você 🙂

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Sala 162 – Uma tela de Renoir bem grande para o padrão da maioria de suas telas: “The Large Bathers” (1884/1887), um tema que vai ser bastante pintado pelos modernistas, e que você já já verá retratado em outra tela de outro pintor 😉
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Sala 161 – não tem como não parar para ver o “impasto” de tinta na louca tela “Girassóis” de Van Gogh. O impasto é quando o pintor usa uma quantidade grande de tinta, o que acaba gerando um relevo na tela, que quando bem realizado aumenta as sensações que podemos ter diante da obra.
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Sala 164 – uma das minhas obras favoritas do museu – “The Large Bathers” de Cézanne. Sente-se no banco que está quase em frente ao quadro na sala 161, se você olhar fixamente para a tela em algum momento terá a impressão que o fundo vem para frente, apesar de parecer que figura e fundo quase se encontram no mesmo plano, só um gênio consegue alcançar esta perfeição.
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Perceba que na tela de Cézanne as árvores criam como uma janela no quadro, o que ajuda a transmitir serenidade ao espectador. A figura geométrica formada pelas árvores é um triângulo, a mesma figura se forma entre os dois grupos de banhistas. Estas linhas invisíveis formam o que chamamos de composição e ajudam nossos olhos a passear pelo quadro.

Esta foi um das últimas grandes obras que Cézanne realizou antes de falecer, inclusive alguns estudiosos acreditam que estaria inacabada. Mas, sinceramente, precisa mais?!

Na mesma sala, verá um Matisse pequeno com uma variação deste tema dos banhistas – “Seated Nude, Back Turned” (1917). Perceba como Matisse trabalha com as cores mais primárias, sem misturar tanto quanto Cézanne e emprega contornos mais negros e grossos.

Sala 165 – um dos quadros mais famosos do meu queridinho, Toulouse-Lautrec: “At the Moulin Rouge” (1890) e outra montagem bárbara com 3 retratos da esposa de Cézanne – Madame Cézanne, de épocas diferentes.

Para que entenda a genialidade de Matisse que era super amigo de Picasso, dá uma olhada no quadro de fundo vermelho: “After the Bath” onde ele pinta de forma totalmente diferente daquele que você viu na sala 162. Quando o cara é bom, não para de pesquisar e de buscar soluções diferentes, continua ousando até a morte!

Antes de continuar, desça até o subsolo, e tome algo no The Café, super gostoso e com preços bem razoáveis. Você precisa deste descanso para desfrutar de mais uns 40 minutos de arte na veia!

Sala 166 – um dos autorretratos mais famosos de Picasso: “Self-Portrait with Palette” (1906), aqui o malaguenho tinha 25 anos e estava numa fase onde seus personagens nas telas lembravam esculturas porque eram maciços e de certa forma inspirados na arte greco-romana.

Esta sala é uma verdadeira loucura já que abriga uma outra tela famosa prá dedéu: “Nú descendo a escada” de Marcel Duchamp, um tipo que revolucionou a arte. Nesta pintura ele se encontrava numa vibe futurista, movimento que nasce na Itália onde se pretende captar o movimento, como nesta tela, em que vemos uma espécie de story-board que mostra uma pessoa descendo uma escada, como se tratasse de diferentes fotogramas superpostos.
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Sala 172 – comece com o pintor dos sonhos – Marc Chagall e sua tela enorme “Half-Past Three (The Poet)” (1911), depois dê uma olhada no objeto com uma espátula de Picasso, que mostra a incorporação de elementos do cotidiano, clara influência de Duchamp, e também caminho natural para um Picasso que começou com Braque incorporando elementos do cotidiano em suas telas cubistas, como letras de off-set e pedaços de jornais.

Aliás, Georges Braque trabalhou com Picasso durante sua fase cubista Nesta sala você também pode ver uma de suas telas: “Violin and Newspaper”e outras 2 telas cubistas de Picasso: “Female Nude” (1910) e “Man with a guitar” (1912). No cubismo, o artista reproduz diferentes facetas do objeto ao mesmo tempo, como se recortasse o que se retrata e se montasse de uma forma diferente.

Sala 169, veja a tela onde objetos insólitos compartilham o mesmo espaço. Comece pelo fundo onde coexistem duas palmeiras e um trem. Na frente uma escultura ao estilo greco-romano, uma obra de Giorgio de Chirico. Este artista é considerado metafísico e convive nesta sala com 3 surrealistas, Magritte e sua genial tela “The six elements”, pintada numa das poucas vezes que deixou Bruxelas, para viver 3 anos em Paris; Dalí com “Premonition of Civil War” e duas obras de Man Ray, uma tela e um objeto. Também aqui poderá ver um Pollock antes de mergulhar de cabeça no expressionismo abstrato, mas que pelo menos para mim não me diz muito, parece mais que o artista não soube quando parar de pintar, há um excesso que ao meu ver não comunica nada.
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A partir daqui, o que se vê é arte contemporânea, para desfutar você necessita limpar seu coração de qualquer preconceito, caso não esteja a fim, melhor deixar este andar e partir para o segundo.

Sala 170, um artista emblemático para o século 20, que vai discutir com muita irreverência o papel da arte em si bem como da sociedade, lhe apresento o alemão Joseph Beuys (1921-1986).

Dois elementos presentes em muitas obras do artista são o feltro e elemento que lembram gordura, sabe por quê? Ele participou na Segunda Guerra Mundial como piloto, durante um dos seus voos seu avião caiu numa aldeia de Crimeia, ele quase morreu congelado, mas uns nômades tártaros conseguiram resgatá-lo e para que evitar sua morte por hipotermia lhe esfregaram com gordura e lhe envolveram com feltro! Importante frisar que não se sabe ao certo até hoje se a coisa toda rolou desta maneira 😉

Sala 171, todo mundo já ouviu falar de Andy Wharhol, mas a pop art nao é só Wharhol, tem muitas facetas e estilos, por exemplo o artista presente nesta sala – Jasper Johns que mostra um pop mais contestativo. Olha que genial o objeto que é um molde de óculos e que ao invés de “abrigar” olhos, traz bocas, um pop quase surreal. Leia na parte de cima da obra seu título 😉
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Sala 178 – entre outros artistas pops, Roy Lichstetein trabalhou bastante com a ideia da quadrícula dos gibis, e também aqui está presente o pop Rauschenberg.

Neste andar, a última parte é o domínio de Duchamp que lhe dará uma ideia mais ampla do que foi o dadaísmo, ou o movimento que negou a própria arte. Uma das obras mais comentadas de Duchamp se encontra aqui – “O Grande Vidro”(sala 182), que vai ganhar um post especial dentro da nossa categoria “Viajando na Arte”. Nesta sala também verá a roda de bicicleta e a Fonte, que na verdade é um urinol, você deve estar pensando, e isso? Vamos lá a uma pequena reflexão sobre este tema …

Se a Gisele Bundchen (que é uma figura amada e conhecida em meio mundo) coloca uma camiseta furada, muita gente comeca a usar a tal camiseta. Porque é muito mais do que uma simples camiseta com um furo é o que usa um ícono da moda, e portanto é moda!

E isso é meio velho, não é coisa atual. Baudrillard em 1971 já dizia:

os objetos não se esgotam em aquilo para o que servem, e sim vão adquirindo seu significado graças ao excesso de presença. Isto significa que assumem uma função representativa que reflete a condição social daqueles que lhes possuem.

E o que isso tem a ver com Duchamp? Na década de 1910, ele quis mostrar que tudo era muito relativo, que o valor de um objeto dependia do lugar onde ele se encontrava. Que as obras de arte não tinham que ser necessariamente atrativas, e o que ele fez?

Pegou um urinário, que intitulou “Fonte”, assinou como R.Mutt e o colocou em uma galeria de arte, assimo começou a saga dos ready-mades, objetos pré-existentes, que levaram a uma profunda discussão do que era a “arte”!

Qualquer pessoa podia fazer isso? NÃO. Isto é um conceito, e para criticar algo imposto deve-se conhecer a realidade e pensar muito sobre ela. E agora, tudo parece óbvio, mas foi ele quem teve esta idéia … e a 90 anos atrás!
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2o. andar, ao menos veja a Casa de Chá japonesa na sala 244 e a tela de Rogier van der Weyden na Sala 206.

Sala 244 – Casa de chá japonesa. Neste momento esta sala e quase toda a galeria dedicada à Ásia se encontra fechada, mas deve reabrir no outono de 2016.

Sala 206 – Rogier van der Weyden é destes artistas que chegam na nossa parte mais sensível, quem resiste à imagem desta mãe esgotada pela morte de seu filho, a estas lágrimas que não param de sair destes olhos resignados?! Leyden sempre coloca seus personagens em ambientes pouco reais, para mim é como se ele quisesse ser minimalista em cenário para que as emoções fossem as verdadeiras protagonistas da tela.

Neste quadro, do lado direito vemos Cristo morto, e do outro lado novamente emoldurados com esta tela vermelha se encontram Maria quase desmaiada e apoiada por João Evangelista. Este pintor é um dos poucos artistas da Idade Média que conhecemos, estaria enquadrado no que se conhece como gótico, final da época medieval e numa espécie de transição ao que viria a ser o Renascimento.
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Que serviços o Museu de Arte da Filadélfia oferece?

– 3 opções para comer dentro do museu:
* Granite Hill – este restaurante super bem recomendado é regentado pelo Chef Gerald Drummond’s.
* The Café – para comer desde um bolo com café a um almoço saudável, com ótima relação custo x benefício.
* Balcony café, literalmente dentro do espaço expositivo, entre asgalerias.

– Wi-fi aberta e gratuita em todo o edifício principal.

– Permitem fotografias sem flash.

– Oferecem vários podcasts sobre as principais obras que você escutar diretamente no site: http://www.philamuseum.org/podcast/ ou descarregá-los!

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